terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Quem tem medo do livre-mercado? Ou Ron Paul corrompe a juventude

Pré-candidato republicano à presidência dos E.U.A Ron Ernest Paul
Enquanto o pré-candidato republicano Ron Paul crescia nas pesquisas para as primárias de Iowa há algumas semanas, ‘especialistas” se dedicavam a difamá-lo. Por que? Nenhum desse especialistas, ao que eu saiba, é eleitor americano, inda menos republicano apto a votar nas primárias; nenhum desses artigos que apareceram na mídia mainstrem brasileira poderia ter o mínimo efeito sobre o que se passa nos E.U.A (a menos que tais “especialistas” não tenham passado dos primeiros estágios do desenvolvimento da personalidade. Então fica a dúvida: por que opinar sobre um assunto interno de um país estrangeiro e, mais ainda, sobre um assunto interno do partido republicano? A resposta é simples: Ron Paul corrompe a juventude. O entusiasmo juvenil pelas propostas de Paul e do movimento libertário, que sua brilhante campanha está a difundir ainda mais, assusta tanto a direita conservadora quanto a esquerda (em seus milhões de matizes).

Algumas brilhantes análises da plataforma libertária:



Eis o trecho mais interessante desse artigo da Exame: mostrando toda a sua perspicácia lógica, Marcel Salim (o autor do artigo) nos convida a seguinte imagem, sob a qual a legenda insinua retoricamente (pois afirma-lo seria expor-se por demais ao ridículo) a seguinte contradição:
 
Contraditório? Ron Paul diz "não" a guerra, mas seu material de campanha mostra o candidato em uma batalha”

O autor parece não ter cultura suficiente para perceber que a montagem do banner coloca o pré-candidato como combatente da revolução americana – coisa facilmente interpretável por qualquer ser dotado de mínima inteligência como indicativo da defesa da Constituição original dos E.U.A. e do ideal dos Founding Fathers.
Ron Paul a serviço da conspiração mundial

Mas não é somente a mídia mainstream a espernear  contra a ascensão do libertário. Olavo de Carvalho, porta-voz oficial dos “conservadores” brasileiros no exílio, escreveu um artigo para o Mídia Sem Máscaras, para... (adivinhem) acusar Paul de estar a serviço dos Rockfeller e da conspiração islamo-esquerdista-globalista e etc!!! Vejam:



Reparem o remate do artigo:

“Cada vez mais evanescente a esperança de reeleger Obama – ao menos por vias normais –, é compreensível que o deputado do Texas, cuja integridade pessoal ninguém aliás põe em dúvida, tenha surgido como o Plano B de George Soros e como o candidato predileto do governo russo”

Não, Olavo de Carvalho não está delirando. Ele também não é nenhum louco, como alguns podem pensar (mas também não é nenhum gênio como seus seguidores acreditam). De Carvalho é um sujeito instruído, inteligente mesmo; escreveu um bom livro sobre Husserl, um filósofo consideravelmente difícil e escreve por vezes artigos interessantes. Contudo, o conservador brasileiro parece desde muito ter adotado a seguinte estratégia argumentativa: “discordas de mim? Estas a serviço da conspiração!”

Olavo acredita no que diz? Por óbvio que não. Apenas pretende dar uma força para a ala conservadora do Partido, atacando a ala liberal, no que é seguido pelos “conservadores” brasileiros. Um ataque injustificado, diga-se de passagem, já que a principal questão que poderia levar os conservadores a rejeitar, por princípio, a plataforma libertária, qual seja, a questão do aborto, não se coloca no caso. Embora muitos libertários acreditem que o abordo se resolve numa questão de liberdade individual da mulher, o obstetra Ron Paul é um fervoroso combatente da prática, evocando os direitos fundamentais do feto como ser vivo e humano.

O que é isso? – A direita liberal

Há de se dizer uma última palavra: custa muito aos brasileiros compreender a inserção do movimento libertário no interior do Partido Republicano americano. Daí a reação mais frequente: os que não compreendem, tentam realinhar as posições de Paul com as diretrizes conhecidas da ala conservadora do partido (é o caso do perspicaz colunista da Exame).

É claro que não pretendo, também eu, me intrometer nos assuntos internos americanos. Mas dada a importância, que ninguém negará, da eleição americana para o resto do mundo, resta-me ao menos torcer por Ron Paul e pelo movimento libertário americano. Resta também lamentar que nosso pensamento político seja tão limitado ao ponto de muitos de nós serem incapazes, não digo de acolher as propostas de Paul, senão, minimamente, de compreendê-las.

Ron Paul não tem muitas chances de ser candidato republicano ou eleito presidente dos E.U.A – é preciso dizer para ser realista. Mas independente disso já prestou um inestimável serviço à causa da Liberdade.

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